quinta-feira, janeiro 04, 2007

NADA

um precioso movimento mas que é falso
ensaiado ao milímetro a rigor
uma encenação da dor um estertor
um trazer a chaga ao peito e vir descalço

aí como se oferecesse ao cadafalso
um pactuar constantemente com o torpor
e um silêncio agora só em dó menor
um baixar de olhos pra mostrar embaraço

e largar dos olhos lágrimas nutridas
uma flor conscientemente desfolhada
como se estivesse desfolhando vidas

e então cantar uma canção mais magoada
que diz serem isto experiências sofridas:
eis o que podia ser muito e não é nada.

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