sexta-feira, janeiro 19, 2007

Pérfida variação sobre um dos melhores sonetos de Bocage

já pela densa noite adormecendo
e sangrando as palavras costumadas
dilacerado ébrio nas arcadas
de uma cidade onde morre lento

já pelos becos torpes se perdendo
batendo sempre a portas já fechadas
do frio se abrigando em folhas pardas
debaixo do céu do seu desalento

assim vivendo em guerra só consigo
por não concretizar seu sonho nobre
(mas bem sabendo desculpar o mundo)

ainda assim à vida chama um figo
pois sua liberdade embora pobre
é o tesouro do bom: do vagabundo.

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