Soneto para ler daqui a alguns anos
que o teu desassossego seja um ovo
da cobra mais mordaz que existir
e que essa tua cria possa vir
a germinar na terra um gérmen novo
eis o que eu mais desejo e mais aprovo
e mais prevejo e sinto-me a sentir
sentado ainda no chão por florir
que é arena em que eu próprio desovo.
mas é outro meu ovo: excremento
que talvez fertilize mas não morde
(o teu irá trincar o desalento).
por isso é meu vento meu tormento:
sei bem que antes que a cobra em ti acorde
o parto da palavra é duro e lento.
(Outubro 2003)
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