Soneto para ursos
não pares: deixa ir o desvario
das lágrimas que o mar irão salgar.
é esse o sal dos olhos, o penar
na tristeza do inverno, duro e frio.
mas por força de lei, fatal natura
teu amargo hibernar acaba agora:
não pares, pois chegou a nova hora
vai ao pote de mel, o amor perdura.
e enquanto o doce alimentar o cio
não te quaixes, ursinho, a vida é breve
(dois dias de alegria, outro de azar)
balouça, brinca a prumo nesse fio
arvora-te no ar, de ânimo leve;
inspira, bebe, deixa de pensar.
Publicado em Debaixo do Bulcão poezine
número 5 - Almada, Setembro 1997
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