terça-feira, março 27, 2007

Soneto para ursos

não pares: deixa ir o desvario
das lágrimas que o mar irão salgar.
é esse o sal dos olhos, o penar
na tristeza do inverno, duro e frio.

mas por força de lei, fatal natura
teu amargo hibernar acaba agora:
não pares, pois chegou a nova hora
vai ao pote de mel, o amor perdura.

e enquanto o doce alimentar o cio
não te quaixes, ursinho, a vida é breve
(dois dias de alegria, outro de azar)

balouça, brinca a prumo nesse fio
arvora-te no ar, de ânimo leve;
inspira, bebe, deixa de pensar.


Publicado em Debaixo do Bulcão poezine
número 5 - Almada, Setembro 1997

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial