sexta-feira, abril 13, 2007

Recriminação do poeta contra si próprio

E assi, de enleada, a esperança
Se satisfaz co bem que não alcança

(Camões)


se aquilo que se espera é mudança
esperar é ir morrendo já em vida
porque não basta ficar sempre à espera:
mais necessário é correr o risco
de mudar. o contrário é sofrida
resignação: é culto da quimera.
eu espero e portanto não arrisco
quando arriscar devia: desespero
sempre que me deixo enrolar num mero
esperar por uma esperança mais tardia
que é já esperança em mim embora frouxa.
e assim de enleada a esperança
se satisfaz com o bem que não alcança.
sabe porém que é uma esperança coxa
que assim se satisfaz. e não devia.


(Poema do Gallo, em Julho de 2003)

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