quarta-feira, janeiro 31, 2007

Um fado, pois então

se afinal tu não és minha
não deixas de ser quimera
lá por estar fundo na mina
o minério é bem o que era

os sentimentos profundos
não morrem com a primavera
pois moram dentro da minha
ambição que sempre espera

e eu em todos os segundos
amanso esta severa
dor que me faz diminutos
os minutos desta guerra

ao ver que só me pertenço
e só nisso tenho arte
sinto sofrer um pretenso
coração que em mim se parte

coração que só resguardo
nas profundezas de mim
na lava com que me ardo
no ardor de ser assim

como vês pouco mudei
continuo insatisfeito
porque sempre cá guardei
as dores dentro do meu peito

se afinal tu não és minha
serás ilusão: dá jeito
a quem urde uma escarninha
canção de amor e defeito



(Agosto 2003)

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