Dia de limpezas
na fímbria das bagatelas
do meu cérebro alarve
fui estes versos buscar:
ai que já espreito janelas
à procura de um suave
precipício para o mar
e encontrei ainda outros
um pouco mais rebuscados
porém tão maus quanto esses:
queimo meus dedos devotos
com a chama de uns malfadados
amores que tu não mereces
pensei que mais não havia
mas afinal num recanto
desencantei mais uns quantos:
seja noite seja dia
não sei porque te amo tamto
estou perdido em mil encantos
e muito eu me admirei
de ver que afinal também
estes outros lá moravam:
se afinal nunca te amei
porque te quero tão bem?
meus sentidos me enganavam?
em mim rebuscar é vício
quando de versos se trata
e fui buscar mais ao fundo:
atrai-me este precipício
porque se um poeta se mata
ri-se de ti e do mundo.
não sei se lá mais havia
porque de buscar cansei
sabendo que sou prolixo:
meti essa porcaria
num saco azul que eu cá sei
e deitei tudo no lixo